A OPOSIÇÃO É UMA ESCOLA

Nenhum partido do mundo deveria chegar ao poder sem antes nunca ter passado pela oposição. A oposição é uma escola. MPLA nunca passou pela oposição por isso mesmo é que não consegue fazer nada de jeito no governo. Angola será governada no futuro apenas por um partido político. Mas este partido não será o MPLA. O maior inimigo do MPLA hoje não é a UNITA, mas o próprio MPLA.

Por Malundo Kudiqueba

A transição do MPLA de um partido no poder para um partido de oposição representa uma oportunidade para um aprendizado crucial. A realidade da oposição apresenta desafios significativos que o MPLA ainda não enfrentou, mas que são essenciais para uma gestão mais responsável no futuro. A gestão de um partido com recursos limitados exige uma série de habilidades e práticas que o MPLA ainda não desenvolveu. A oposição é uma fase de preparação obrigatória antes de alcançar o poder.

O MPLA tem de ir para oposição para aprender a gerir um partido sem dinheiro, como faz a UNITA. Quem nunca geriu um partido com pouco dinheiro nunca estará em condições de gerir o dinheiro do país. O MPLA tem desfrutado de uma posição de poder incontestável em Angola por quase cinco décadas, beneficiando-se de vastos recursos financeiros e acesso a benefícios estatais. O MPLA no lugar da UNITA não resistiria. A UNITA com recursos muito mais limitados, tem demonstrado uma resistência notável e uma capacidade de se manter relevante na política angolana.

O contraste entre esses dois partidos ilustra uma realidade fundamental. Se o MPLA estivesse na oposição e enfrentasse dificuldades financeiras semelhantes às da UNITA, é garantido que o MPLA se tornaria irrelevante e incapaz de sustentar a sua presença política. UNITA é um partido resistente e resiliente que consegue gerir dificuldades enquanto o MPLA apresenta falta de preparação para enfrentar adversidades.

O MPLA teria que aprender a estabelecer prioridades financeiras claras e a operar dentro de um orçamento reduzido. Isso significa que teriam que cortar gastos, reduzir pessoal e priorizar actividades essenciais para a sobrevivência do partido. Sem os fundos estatais, o MPLA teria que buscar formas alternativas de financiamento, como contribuições de membros e doações privadas. Essa experiência ajudaria a desenvolver uma abordagem mais transparente e eficiente para a arrecadação de fundos.

A experiência na oposição seria uma oportunidade para o MPLA desenvolver as competências necessárias para uma futura administração eficaz e ética dos recursos públicos. A seguir estão as principais formas como essa experiência poderia preparar o MPLA para um futuro papel governamental mais responsável. A necessidade de ser mais transparente com os seus recursos e de prestar contas aos seus membros e ao público seria uma lição fundamental para o MPLA.

O aprendizado na oposição ajudaria o MPLA a desenvolver habilidades de gestão que poderiam ser valiosas para um eventual retorno ao poder no futuro. Aprender a viver com um orçamento limitado seria uma experiência valiosa que ajudaria o MPLA a entender melhor a importância da eficiência e da alocação de recursos. A experiência de ser um partido de oposição com escassos recursos ajudaria o MPLA a compreender a importância da transparência e da prestação de contas. Essas práticas poderiam ser levadas para um futuro papel de governo, promovendo uma administração mais ética e responsável.

MPLA pode e deve aprender com a experiência da UNITA

A lição a ser aprendida é clara: a verdadeira resistência política vem não apenas do controle de grandes recursos, mas da capacidade de enfrentar adversidades com coragem e estratégia. A UNITA, que tem enfrentado a escassez de recursos ao longo de muitos anos, serve como um exemplo de como a gestão eficaz e a resiliência são possíveis mesmo em condições adversas.

Gestão de escassos recursos: A UNITA tem mostrado como é possível operar e crescer com recursos limitados através de uma gestão financeira prudente e uma abordagem estratégica. O MPLA tem todos os milhões do país e mesmo assim não está atrair novos membros para o partido.

Estratégias de sobrevivência: A UNITA tem desenvolvido estratégias de sobrevivência política que incluem uma comunicação eficaz com a base de apoio, uma visão clara de suas metas políticas e a construção de alianças com outros actores políticos e sociais.

A experiência de ser um partido de oposição com recursos limitados seria uma oportunidade para o MPLA aprender a gerir um partido de maneira mais responsável e a preparar-se para um futuro papel de governo. A UNITA serve como um exemplo de como a resiliência e a gestão eficaz podem levar a uma sobrevivência política duradoura. Somente após enfrentar a realidade da oposição e aprender a operar sem grandes recursos, o MPLA poderá estar verdadeiramente em condições de gerir o dinheiro do país com competência e ética no futuro.

O MPLA na oposição enfrentará um dilema existencial: adaptar-se às novas realidades políticas e sociais ou enfrentar a extinção como força política relevante. O MPLA na oposição será o princípio do fim. Aquilo que fizeram com a FNLA poderá acontecer com eles. A lei da natureza não falha, quem planta colhe exactamente aquilo que plantou.

O MPLA é um partido consumista, despesista e habituado a esbanjar milhões. O MPLA na oposição não resiste sem dinheiro. Não há união na fartura, também não haverá união na escassez. Sem o fluxo constante de recursos estatais, o partido enfrentaria intensas disputas internas por recursos limitados. Facções dentro do partido lutariam por uma fatia menor do orçamento disponível, levando a uma crescente fragmentação e desintegração do partido.

O futuro do MPLA na oposição

A possibilidade de o MPLA se tornar um partido irrelevante se ele enfrentasse dificuldades financeiras na oposição não é uma hipótese distante, mas uma previsão realista com base na sua história e nas suas práticas actuais.

1. Impreparação para a adversidade: O MPLA está estrutural e culturalmente preparado para um ambiente de abundância, não de escassez. A adaptação a uma nova realidade financeira seria um desafio insuperável para um partido acostumado ao luxo e ao poder.

2. Desintegração e marginalização: O MPLA na oposição com recursos escassos enfrentaria uma rápida desintegração e marginalização. A falta de recursos e a luta interna por sobrevivência poderiam levar o MPLA a um estado de irrelevância política.

A gestão ineficiente, a corrupção endémica e as lutas internas têm minado a confiança e o apoio popular. Se o MPLA perder o poder, é provável que o ressentimento acumulado ao longo dos anos por parte do povo resulte numa rejeição severa e duradoura. A população, cansada de promessas não cumpridas e de uma gestão ineficiente, poderá nunca mais perdoar ao MPLA pelos seus erros. O MPLA não consegue enfrentar as mesmas dificuldades financeiras que a UNITA enfrenta na oposição.

A UNITA, desde os seus dias de guerrilha, desenvolveu uma forte capacidade de resistência e adaptação. Essa experiência tem sido a base para sua sobrevivência e crescimento num cenário de escassez de recursos. A permanência do MPLA no poder não pode ser garantida indefinidamente. O contraste entre o MPLA e a UNITA ilustra como a vitalidade e a longevidade política pode ser mantida mesmo com recursos escassos, enquanto o MPLA, acostumado a gerir grandes orçamentos, pode estar pela primeira vez numa situação de fragilidade.

Artigos Relacionados

Leave a Comment